
A redução de 26,16% nas vendas de veículos novos no Brasil em 2020 não é um resultado ruim, segundo o economista da PUC-Campinas, Paulo Oliveira. Para ele, diante do cenário de crises sanitária e financeira, alguns motivos e medidas adotadas no ano evitaram um colapso maior. Na visão do professor, o auxílio-emergencial explica a manutenção do setor automobilístico e de outras atividades durante a pandemia, porque permitiu a continuidade do consumo das famílias. Com isso, a ida ao comércio na quarentena, por exemplo, refletiu na cadeia produtiva nacional. “Não é que o auxílio-emergencial foi utilizado pra se comprar carros novos. É que, ao usar o valor para consumir no comércio, por exemplo, o consumidor permite a manutenção da atividade. E aí o comerciante pode comprar um carro e, com isso, sustentar a atividade da indústria”, explica. Os dados são da Fenabrave e mostram que em 2020 cerca de 2 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus foram emplacados. Ainda segundo a associação dos concessionários, essa foi a primeira queda em quatro anos e o maior tombo anual desde 2015, com 26,55%. Depois de enfrentar também a falta de componentes e peças no último ano, a entidade que representa o setor prevê alta de 16% ao final de 2021. A projeção se baseia na expectativa de crescimento do PIB e na retomada da economia. Mas o economista Paulo Oliveira pondera. “2021 é um ano que tem preocupado bastante nós economistas. Em primeiro lugar porque a pandemia continua e está em ascensão no Brasil. E porque nós temos visto uma desorganização do Plano Nacional de Imunização, o que não era esperado pela expertise do Brasil no tema”, diz. Sem conseguir desvincular o desempenho da economia do enfrentamento adequado à covid-19, principalmente sobre a vacinação, o professor da PUC cita ainda que o endividamento do Estado não deveria ser um problema neste momento, ao contrário do que é feito pelo Governo Federal.
Fonte: CBN Campinas